Máquinas Éticas - Da Moral da Máquina à Maquinaria da Moral

Os avanços da Inteligência Artificial (IA) mudarão drasticamente a nossa forma de encarar o conhecimento e as organizações sociais, as relações políticas e económicas, e as relações interpessoais. A substituição do Homem por máquinas cognitivas e robôs pensantes coloca problemas de desemprego a uma escala inaudita. A IA irá alavancar mais o hiato entre ricos e pobres se a distribuição da riqueza que produz não for justa.

Máquinas cada vez mais autónomas, emparceirando ou substituindo humanos nos domínios da guerra, da economia, da segurança interna, ou do cuidado de enfermos, inter alia, lançam-nos desafios até há pouco impensáveis. Apetrechadas com poderosos algoritmos, colectam e processam dados com um volume, diversidade e complexidade outrora inimaginável. Além de nos fornecerem conhecimento muito detalhado, tomam também decisões em nosso nome.  Fazem-no apoiadas num poder que – por enquanto – lhes foi outorgado por humanos, mas aprendem cada vez mais por si; e nem sempre sabemos que humanos o outorgaram, nem com que intenções. Decisões tomadas por tais máquinas podem implicar a vida ou a morte de pessoas, a falência duma empresa, ou influenciar o eleitorado num qualquer sentido. Ainda, protagonizando uma competição feroz, as empresas de IA lutam por introduzir no mercado as ferramentas cognitivas que mais depressa as podem alcandorar para a liderança tecnológica. Nesta guerra cibernética, nem sempre os critérios da competição justa, ou os testes de qualidade e segurança dos softwares são respeitados.